Novos Caminhos com o Senepol

A Fazenda Paranoá utiliza a raça com grande rentabilidade na pecuária comercial e na produção de genética e prepara-se para atuar na ponta final da cadeia

Lá se vão 13 anos que o Senepol pinta de vermelho os pastos da Fazenda Paranoá, bem à margem do Rio Sucuriú, no município de Três Lagoas/MS. A raça foi a opção escolhida pelo pecuarista Eldino Zeli e o filho Guilherme para dar início ao cruzamento industrial na propriedade. Com um clima quente e úmido e temperatura média de 26°C em pleno Cerrado, era preciso uma raça bem adaptada a essa condição climática e com bom ganho de peso a pasto. “Quando comparamos os resultados do meio- sangue Senepol/Nelore com os de outros cruzamentos, percebemos uma imensa vantagem dos filhos dos touros Senepol. A partir daí, passamos a ampliar os investimentos na raça”, lembra Guilherme Zeli, que é responsável pela gestão da Paranoá. Na decisão, pesaram não só o maior peso à desmama da raça como também sua docilidade, facilidade no manejo, pelagem curta, resistência ao calor e a parasitas.

Com o Senepol indo bem no ciclo completo, era a vez de produzir a sua própria genética, tanto para uso interno como para ofertar touros no mercado nacional. Foi assim que, em 2009, Guilherme passou a investir na criação de animais puros, surgindo assim a Paranoá Senepol. Desde o início, o criador apostou no melhoramento genético para formar um rebanho de alta qualidade. As linhagens testadas com sucesso em provas zootécnicas foram adquiridas e multiplicadas por meio das biotecnologias de reprodução, como a FIV (Fecundação in Vitro). “Participamos do programa Geneplus/Embrapa e do PMGS e ainda realizamos uma avaliação intrarrebanho. Com base em todos esses dados, definimos os acasalamentos do rebanho, sempre com  o  objetivo  de produzir um Senepol altamente eficiente e capaz   de proporcionar rentabilidade ao negócio de nossos clientes”, destaca Guilherme.

Por ano, a Paranoá produz 400 prenhezes, produtos desmamados, e comercializa cerca de 100 touros. Parte desses reprodutores é vendida em leilões de que o criatório participa desde 2009. Neste ano, a aposta será em uma edição virtual para a venda de machos, fêmeas e animais de elite. “A expectativa é de que 2018 seja um ano melhor para a pecuária de corte, com os pecuaristas investindo mais na pecuária de ciclo curto para aumentar a rentabilidade. E o Senepol é a melhor opção nesse caso”, assegura.

Essa rentabilidade proporcionada pela raça a própria Paranoá atesta em seu rebanho comercial. Com o abate de animais aos 18 meses, vem conseguindo uma bonificação espontânea do frigorífico. O ágio recebido é de R$2,50.

A próxima aposta da Paranoá é estender ainda mais os investimentos com a raça, desta vez na ponta final da cadeia produtiva. Um projeto para produção de carne está sendo desenvolvido. “Assim, passamos a trabalhar com o Senepol do pasto ao prato”, anima-se Guilherme.

A sustentabilidade econômica da Fazenda Paranoá garantida pelo Senepol está em sintonia com o meio ambiente. São 2.244 hectares de área, sendo 34,8%  de pasto, 44,5% de reflorestamento com eucalipto e 20,7% de reserva legal. É assim, nesse ambiente, que o vermelho da raça contrasta com a bela paisagem beira- rio. O Rio Sucuriú que norteia a Paranoá integra a Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, que está sobre o Sistema Aquífero Guarani, um dos maiores do mundo e a maior reserva subterrânea de água da América do Sul.

As terras da Paranoá são semelhantes à composição  física da geografia de Saint Croix, nas Ilhas Virgens, Caribe, onde nasceu a raça Senepol. O solo é predominantemente poroso, com porções de terra roxa em algumas regiões e areia quartzosa na sua maior parte.

Enquanto a  Fazenda Paranoá abriga o  rebanho puro  e  a recria e engorda, os  animais de  cria são  manejados  na outra propriedade da família, em Inocência/MS. Segundo Guilherme, que trabalha em conjunto com a esposa Tânia e com o  pai, o  Senepol continuará sendo  a grande aposta do criatório para o desenvolvimento de uma pecuária moderna, eficiente e sustentável.

Familia-Zeli
Tânia, Guilherme, Maria Lúcia e Eldino.

FONTE: VIEIRA, L. Novos caminhos com o Senepol. Revista Senepol, v. 10, p. 94-95, abril 2018.