A Raça

HISTÓRIA

Nos anos de 1800, bovinos da raça africana N´Dama foram importados do Senegal, Oeste africano, para a ilha caribenha da Saint Croix, Ilhas Virgens. O N´Dama, um Bos Taurus, foi uma excelente alternativa para o Caribe não só por sua resistência ao calor, insetos, parasitas e às doenças, mas também pela habilidade de sobrevivência em regiões de pastagens mais pobres.

Em 1889, Henry C. Neltropp, um do maiores criados de N´Dama em Saint Croix, possuia um rebanho de 250 cabeças, que era um rebanho de animais puros. Bromlay Neltropp, seu filho, queria desenvolver um bovino que combinasse aptidões superiores de produção com as condições ambientais das Ilhas Virgens. Esforços anteriores em introduzir bovinos de regiões de clima temperado haviam fracassado, devido ao estresse calorífico e nutricional que estes animais sofriam ao serem submetidos às condições duras de clima e pastagens da ilha.

Em 1918, foi introduzida genética de Red Poll no rebanho dos Neltropp, com um touro que Bromlay levou de Trinidad y Tobago para Saint Croix, com o intuito de melhorar a habilidade materna, fertilidade e dar caráter mocho aos animais. Essa mescla de Red Poll com N´Dama deu origem à raça Senepol, que junta o nome das duas raças que a formaram.

Após 57 anos, o rebanho dos Neltropp foi disperso para criadores locais e o desenvolvimento da raça foi contínuo em quatro rebanhos primários. Desde o princípio, foram coletados e guardados muitos dados sobre os animais, que formaram a atual base do sistema de registro da associação internacional da raça. Testes com animais em fazendas começaram em meados de 1970, com a fundação da BCIA, nas Ilhas Virgens.

Em 1977, um pioneiro carregamento aéreo com 22 animais da raça Senepol foi levado para estudos nas universidades e centros de pesquisas dos EUA. Hoje, mais de 30 anos depois, a SCBA (Senepol Cattle Breeders Association) conta com mais de 500 criadores e 60.000 animais em seu sistema de registro de dados. O Senepol pode ser encontrado hoje em 21 estados americanos e ao redor do mundo, em países como: Austrália, Paraguai, Colômbia, Argentina, Panamá, Canadá, República Dominicana, Equador, Nicarágua, Porto Rico, Venezuela, México, Filipinas, Zimbabwe, Brasil, ou onde a adaptação ao clima tropical for condição necessária para o desenvolvimento da bovinocultura com qualidade e eficiência.

Em 2000, vieram os primeiros animais para o Brasil, importados dos melhores rebanhos dos EUA e das Ilhas Virgens (Saint Croix). A importação inicial envolveu dois líderes genéticos da raça e as melhores fêmeas Senepol com provas fantásticas. Graças a esta genética, os selecionadores brasileiros multiplicaram a qualidade do Senepol, fazendo do Brasil um celeiro da genética mundial, uma referência provada no Conresso Internacional ocorrido em 2014, em Uberlândia/MG, onde está a sede da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB-Senepol).

DESENVOLVIMENTO

O isolamento geográfico de Saint Croix protegeu o Senepol dos modismos e influências que sofreu a bovinocultura das raças puras nos EUA. O Senepol nunca se tornou uma raça de estrutura pequena, compacta e com bastante gordura, que era predominante na característica dos bovinos selecionados à época em terras americanas e que levaram ao nanismo dos animais. Também não participou da corrida de tamanhos de carcaças grandes e exageradas, que levou algumas raças na direção oposta da eficiência.

A seleção do Senepol foi caracterizada pela contínua seleção para habilidade de sobreviver às difíceis condições climáticas e nutricionais de Saint Croix. Um seleção natural que condicionou o Senepol aos níveis de eficiência que se conhecem hoje.

SELEÇÃO

Antes do Senepol chegar aos EUA, havia pouco ou quase nenhum mercado para a raça entre os criadores da ilha. A finalidade do Senepol era comer as pobres pastagens da ilha para converter na carne que seria consumida pelos próprios habitantes de Saint Croix. Informações genéticas, como intervalo de parto e performance de desenvolvimento eram guardados como dados. Por décadas, os filhos e filhas dos animais mais consistentes eram usados como animais de reposição no rebanho. Foi essa intensa pressão de seleção que proporcionou a base das gerações da raça Senepol.

GENÉTICA

A seleção para níveis superiores de performance tornou o Senepol uma linhagem de características bastante fortes. Essas características transmitem e apontam uma consistência uniforme nos bezerros, que ajudam no sucesso da pecuária. Os resultados, quando se usa o Senepol para adicionar características positivas ao rebanho, são bastante significativos.

TOLERÂNCIA AO CALOR

Senepol tem tolerância ao calor e esta característica passa aos filhos em programas de cruzamento genético.

Pesquisadores da USDA, o Deprtamento de Agricultura dos Estados Unidos, detectaram temperatura corporal mais baixa mantidas pelos animais Senepol, comparadas com Brahman (Zebu), Angus e Hereford durante os pastoreios nos meses de verão, na Flórida. O mesmo estudo revela que os bezerros F1 (Senepol x Hereford) mantém as temperaturas retais quase idênticas ao Senepol puro.

RESISTÊNCIA

Pesquisas da USDA indicam que o Senepol tem grande imunidade às doenças, quando comparados com outras raças de bovinos de corte.

Na Austrália, amostra de contagem de carrapatos confirmou menor infestação no Senepol que em qualquer outra raça de corte, mesmo quando comparados com o Brahman ou com o Santa Gertrudis. Câncer e olhos avermelhados nunca foram vistos no Senepol.

Em estudos e pesquisas de contagem da mosca do chifre, realizado na Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos EUA, em um rebanho Angus e cruzamento com Angus, os animais Angus puros tiveram 82% de infestação na contagem de moscas, enquanto animais Senepol cruzados com Angus obtiveram contagem de 18% de infestação. Esse estudo também determinou que o nível de estresse em cruzamento com Senepol foi menor, resultando em melhor aptidão para produzir leite para amamentar o bezerro.

Essa habilidade vem a influência do N´Dama no Senepol, assim como também a contribuição da herdabilidade de resistência aos parasitas e insetos, sendo a única raça que resiste à mosca do sono (Tsé Tsé) no continente africano.

MATERNAL – Eficiência

Vacas Senepol possuem um tamanho moderado, com uma excelente converção alimentar.

Desmamam bezerros com 50% ou mais de seu peso corporal, mantendo umintervalo entre partos bastante eficiente.

Facilidade de parto

Uma grande vantagem que o Senepol oferece é o vigor dos bezerros. Criadores têm aumentado o número de animais sobreviventes ao parto, quando introduzem o Senepol no rebanho. O bezerro se levanta e começa a mamar rapidamente. Os peso no nascimento mostra uma média de 35 quilos para os machos e 33 quilos para as fêmeas.

LONGEVIDADE

Todos os criadores, quando visitam Sant Croix, ficam impressionados com número de vacas ao redor de 15 a 20 anos de idade ainda em reprodução.

VANTAGENS

No pasto

Senepol é uma excelente opção para acabamento de animais a pasto. Sua capacidade de pastoreio, temperamento dócil e carne macia são ingredientes necessários para o sucesso no programa de acabamento de animais. Animais Senepol têm grande capacidade de encontrar alimentos onde nenhum outro animal encontraria, também são animais considerados de baixa exigência nutricional.

No confinamento No começo dos anos 90, criadores de Senepol dos EUA, em conjunto, confinaram milhares de garrotes e novilhas Senepol, para coletar dados e performance.

Na fazenda de Jim Barrons Spur, foram confinados mais de 2.000 animais de cruzamento Senepol entre outubro de 1990 e maio de 1993. A média de tempo em confinamento foi de 146 dias, com ganho de peso médio de 1,64 kg/dia. O Senepol continua provando, através de programas de pesquisa, que é um animal de alta performance, tanto em confinamento como programas de terminação a pasto.

Carne macia A carne do Senepol produz um dos melhores valores de maciez medidos pela força de cisalhamento. O cruzamento com o Senepol pode reduzir, efetivamente, o problema de maciez da carne do zebuíno. Teste realizado na Austrália pelo laboratório Genestar determinou a maciez da carne através da identificação de genes pela maciez.

ABATE TÉCNICO

O primeiro abate técnico do bovino Senepol no Brasil foi realizado em julho de 2004, em Ipuá-SP, no frigorífico Olhos D´água, com a supervisão dos técnicos do grupo

Albino Luchiari, da USP de Pirassununga e apoio da ABCB-Senepol. Foram abatidos 15 animais de cruzamento industrial de segunda geração, onde o Senepol é introduzido em fêmeas F-1, resultando em bezerros com 50% de sangue Senepol, 25% de Europeu e 25%, Zebuíno.

De acordo com os dados enviados pela Agropecuária Nova Vida, os animais possuíam média de 21 meses e apresentaram peso médio de 18,5 @. Todos os animais abatidos foram criados a pasto e confinados por um período de 90 dias.

Após o abate, os resultaram obtidos foram surpreendentes, comprovando o potencial da raça.

*Fonte: ABCB-Senepol.